sábado, 1 de agosto de 2009


Ela olhava para aquela menina de 22 anos. Olhava com um certo grau de distanciamento. Aquela distância necessária para se ver com mais clareza. Ver algo de si mesma. Algo que já tivesse feito parte de si ou algo que ainda visse em si. Mas não achava. Os 3 anos que as separavam pareciam ter se multiplicado por 3000. Mais uma vez experimentava a relatividade do tempo. O tempo não medido em horas, em dias, em meses. O tempo que não cabe no relógio. O tempo que se conta em perdas, responsabilidades. Vivências, experiências. O tempo que se mede na entrega ao outro e no contato com si mesmo. E no caminho do seu tempo havia deixado a ingenuidade. A ingenuidade que via naquela garota de 22 anos. Não. Não era esperança, sonhos. Isso ela ainda os mantinha consigo e definitivamente lutava para nunca os perder (já que em alguns momentos, a estrada havia se tornado escura demais e ela não podia ver com tanta clareza os sonhos e as esperanças). O que via nela era a ingenuidade tola de quem não atento ao próprio tempo perde a oportunidade de ver realizados seus sonhos e esperanças. E pensou que talvez essa ingenuidade ela nunca tivesse tido. Nem aos 2, muito menos aos 22. E pensou também que a menina talvez não conhecesse seus sonhos e esperanças. E mais uma vez, apesar de todas as dores e relatividades,ela amou o seu próprio tempo.

...s2...

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